Ela viajou. Conheceu muitas pessoas. Acampou na praia, dançou em volta da fogueira. Pegou caronas. Foi em todas as festas que era convidada, assistiu todos os filmes que quis. Escreveu uma música. Fez novos amigos, conheceu outros lugares, traçou novos planos, mudou de cidade. Achou um novo namorado, cogitou se casar, tentou gostar de crianças, cortou o cabelo, mudou de emprego. A saudade persistia a cada noite. Ela lamentou. E resistiu. Viu que estava no caminho errado. Ficou sozinha novamente. Parou de escrever. Deixou de acreditar. Resistiu. Se fortaleceu. Ela agora sabia como eram o extremos – o da felicidade e o da tristeza. Ela passou pelos corredores mais sombrios da vida, sozinha. Resistiu. Percebeu que precisava voltar a sonhar, não com um futuro distante, mas com o que encontraria no dia seguinte. Ela tomou as rédeas da própria vida. Ela endureceu o coração de verdade dessa vez, mas ainda não aprendeu a matar o passado. E ainda não descobriu quantas vidas ele tem.